segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Por onde começar (ou "quem me levava ao altar")


Este blogue existe há meses. Juro! Procurei o melhor serviço, li imenso acerca das vantagens e desvantagens de cada um, e criei-o, com um título inusitadamente longo e difícil. Cheio de boas intenções, rascunhei por aqui um artigo inicial, definidor q.b. daquilo que se pretendia escrever nestas páginas, e suficientemente grave para arcar com a responsabilidade de ser o primeiro. Mas nunca me pareceu que bastasse, e o artigo, ou antes, meio-artigo, continua por ali a marinar, na vinha d'alhos das palavras pendentes.
A revelação veio hoje: o blogue não estaria, porventura, fadado a uma inauguração solene, de tomada de posse oficial. Seria à minha medida, sem pretensões de me transcender, de ser maior que o seu autor. Seria, apenas, o seu autor, com a sua dimensão e as suas fraquezas, mas também com o melhor que tenho para oferecer. E ocorreu-me que não fui feito para cerimonial de estado, mas sim para grande amores e paixões. Grandes, para a escala de um mundo que, na minha imaginação, ainda é suficientemente grande e misterioso para me encantar todos os dias.
Estava, pois, na altura de proclamar bem alto o meu amor que, não sendo único, tem a vantagem de ser o mais recente, e prometer estender-se até que a morte nos separe. Que me perdoe a R. Eu sei que ela nem vai entender, quanto mais perdoar... Mas que me perdoe esta indiscrição melómana, que toma um bocadinho do coração que lhe pertence. Apaixonei-me por uma outra bela mulher, de faces coradas e um certo jeito de menina, mas uma menina ponderada, que sabe e gosta de exibir a sua meninice.
Como se não bastasse este calculismo cativante, a moça padece de múltipla personalidade. Tanto a encontro gingona e deliciosamente arrogante, como se entrelaça em torno do meu corpo numa súplica sofrida. E o seu nome percorre-me os lábios como se de uma canção se tratasse: d-e-o-l-i-n-d-a.
Fica comigo, ao longo de todo o dia, retinindo nos meus pensamentos. Nunca esperei enamorar-me por uma Deolinda, confesso. Mas quantas mais vezes repito o seu nome, menos o estranho. Caramba, o nome é, por si só, uma declaração de admiração eterna! Faz-se amar, e desperta nos homens devoções.
Por mim, prometo continuar a amá-la em surdina, como se no meu peito houvesse espaço para um coração clandestino...

4 comentários:

Temalóquio disse...

... ínspirado... no mínimo.

Castro L. disse...

Olá, Tiago. Mais do que inspirado, eu diria texto "respirado", o que implica, de alguma maneira, ir e vir, levar e trazer; pois só assim, expirando tu também, 'ela' te poderá sentir, como se a tua expiração lhe chegasse como um sussuro, um segredo, uma confissão, enfim, um cheiro, um sinal rasando-lhe o contorno... Gostei de te encontrar por aqui, desta forma, nessa indiscrição melómana das pessoas inflamadas que ousam enunciar - partilhando - ao mundo as suas devoções. Encontrei, pois um (pre) texto para te saudar. Abraço.
Fernando Lopes

helena de troia disse...

LOOOL...também eu ando de paixoneta pela Deolinda...é uma heart breaker, essa mulher! :)

Tiago de Brito Penedo disse...

Muito obrigado a todos pelos comentários. Como podem perceber, sou um bloguista pouco menos que intermitente!